11 de agosto de 2006

Uma questão de Ética

Várias vezes tenho sido questionada sobre a ética em Psicologia.
Perguntas do tipo:"Porque é que não podes dar consultas a conhecidos?". A resposta, lógica para nós profissionais, nem sempre o é para as outras pessoas.

Porque razão não podemos nós Psicólogos exercer a Psicologia com pessoas com as quais partilhamos laços familiares, de amizade ou de amor?
Muitas pessoas chegadas a um consultório procuram no Psicólogo um amigo, um erro comum uma vez que o Psicólogo não pode tomar esse lugar na vida do paciente, o Psicólogo é um profissional e é esse o seu papel.

Na vida de uma pessoa os amigos ocupam um papel bastante importante, tal qual como a família, no entanto, algumas vezes sentimos necessidade de falar com alguém que não faça parte deste leque de conhecimentos. É nestas alturas que precisamos de outro tipo de apoio, de ajuda por parte de um profissional.

A diferença entre falar com um amigo e com um profissional consiste no facto de não sermos alvo de qualquer aprovação ou desaprovação, coisa que tememos sempre quando falamos com alguém amigo.

Da parte do Psicólogo, falar com alguém com quem possui qualquer laço não profissional é impensável,o seu trabalho ao invés de ser facilitado era multiplicado. Quantas vezes já tentou falar com algum amigo um assunto sério e sente que não é capaz, que o outro não vai aceitar o comentário ou a opinião, ou que o outro não vai se abrir consigo? Agora imagine o trabalho de um psicólogo nesta perspectiva. O Psicólogo precisa de criar uma empatia pura com o paciente, sem quaiquer medos, resistências e desconfianças, de forma a poder perceber o que se passa com o paciente e proceder a um feedback e apoio incondicional.

Outra questão que se coloca é a implicação que a relação profissional entre o psicólogo e o paciente pode ter na relação de amizade entre ambos. Qualquer desacordo em ambiente profissional pode afectar a relação de amizade, ou vice-versa.

Por estas razões, entre outras, surge a ética profissional da Psicologia, que não prevê qualquer relação entre um Psicólogo e o seu paciente.

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